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domingo, 8 de janeiro de 2023

"Sendero Solidario Percurso AlcalabozaViva" - em protesto pelo projeto mineiro de Valdegrama (Cortegana, 14/01/2023)

Um percurso solidário, em defesa do montado e do ecossistema de Alcalaboza, que abrange um território que vai desde Barrancos a Alcoutim (lado português), que o eB se associa e aqui tem divulgado.

(para mais informação em Vestigia (facebook), consultada a 08-01-2023)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Uma mina contra o montado e a vida neste ...

 A propósito do projeto mineiro de Valdegrama, abaixo se publica o artigo conjunto de António Eloy, Félix Talego, Juan Diego Perez e Pedro Soares, que tem o apoio do eB:

"Uma mina contra o Montado e a vida neste

Hortas centenárias, herdades de montado de sobreiros, azinheiras, castanheiros e carvalhos, linhas de água que estruturam estes territórios e que ligam a Ibéria estão ameaçadas.

Mais de mil e setecentos hectares da Serra Morena (municípios de Cortegana, Almonaster la Real e Aroche) bordejando o “Paraje Natural” da Serra Pelada e da Ribeira do Serrador e uma das principais zonas de nidificação do abutre negro na Europa estão ameaçados pelo projecto mineiro de Valdegrama (em fase de investigação). Portugal aqui tem pé!

As comarcas portuguesas e andaluzas cujo solo é percorrido pala faixa pirítica acumulam experiências dos efeitos destrutivos do extractivismo mineiro, emissões ácidas (chamada manta), erosão e desertificação dos solos e sobretudo contaminação das águas superficiais e subterrâneas por escorrimentos ácidos, com efeitos cumulativos no tempo. Os exemplos da contaminação do Sado pela mina de Aljustrel (e para quando um estudo médico da contaminação por arsénio, com elevados níveis, que afecta o crescimento das crianças nesta zona?), da ribeira do Mosteirão, afluente do Chança, contaminada pela de São Domingos, ou os rios Odiel e Tinto com concentrações tóxicas em certos troços e só adaptadas para bactérias extremófilas, e o rio  Guadiamar que cheio de lodos acumulados levou à ruptura do muro mineiro de Aznalcóllar, um dos maiores desastres ambientais na Península, afectando uma área imensa e o Parque de Doñana.

No Alentejo e na Andaluzia temos uma pesada herança da minaria transnacional (também com muitos mortos no seu activo!) e enormes, enormes passivos ambientais e prostração económica e social. A pegada de um século e meio de mineração nas nossas terras levou não só a vida dos nossos rios, a abundância do arvoredo autóctene e a diversidade da vida agropecuária e da biodiversidade com ela relacionada mas também a memória do passado, os relacionamentos sócio-culturais  desta área.

Hoje a Geoland propõe-se extrair grafito ou minerais como o cobre, níquel e outros sulfuros polimetálicos característicos desta faixa, sabendo nós que a mineração destes metais não ferrosos é altamente contaminante, pois espalha pelas superfícies elementos como o enxofre e metais pesados, sobretudo quando feita a céu aberto. Mas qual, qual seria o benefício para as nossas terras?

Esta exploração do subsolo, sem cuidar do direito de superfície, só serve para alimentar os capitais financeiros, a especulação desenfreada em bolsa e a voracidade de um industrialismo sem horizontes nem sustentabilidade (porque não investir e isso sim criaria postos de trabalho, na recuperação e reciclagem destes minérios?)

É que nada ou quase vai sobrar deste fogacho a não ser a dependência de lógicas, limitadas no tempo, de minas e os eucaliptais que lhes sucedem, dado que a devastação por enxofre empobrece os solos e impossibilita alternativas, por mais que projectos de turismo temático nos procurem levar a Marte ( como em Rio Tinto onde andamos vestidos de astronautas em paisagens arrasadas).

Passeando pelas zonas de povoados mineiros vemos miséria que deixou evidente, nestas terras sacrificadas, a falaz publicidade destas companhias que liquidam o futuro e qualquer sustentabilidade no presente.

Este novo afã extractivista percorre, corrompe inexplicavelmente as chefias de todos, quase todos, os partidos ibéricos, que se sintonizam com os interesses (e os pagamentos?) das empresas mineiras (muitas só existem de fachada ou com um armazém nos EUA).

Temos que denunciar o projecto Valdegrama e outros nessa linha pois correspondem ao ultrapassar de uma das últimas fronteiras da mineração no Sudoeste ibérico, seja pelos elevados consumos de água seja pelos escorrimentos ácidos que acabam com os pequenos recursos hídricos, poços e aquíferos ainda a salvo de Democles, da espada do mesmo.

Situado junto a três olhos de água e perpendicular ao aquífero Aroche-Jabugo , um dos mais importantes da Serra Morena, resultante de uma fractura de rocha granítica e por tal muito vulnerável à contaminação, a ribeira de Alcalaboza é ainda pristina do nascimento à Foz no Chança, livre de qualquer poluição industrial. A sua contaminação por metais aumentaria a lista de rios doentes ou mortos do Sudoeste, e comprometeria a saúde da água que abastece a zona mais povoada de Huelva e do estuário do Guadiana.

Claro, com as mentiras e demagogia que os caracterizam, os mineiristas juram que não haverá contaminação (mas a lista de mortos e deficiências e doenças, além da destruição das terras e dos recursos os persegue), e até dizem que isso era de antes que (agora?) têm tecnologias de ponta que permitem uma mineração inócua (de ficção científica! Em Marte) e que defendem a biodiversidade e até a transição verde.

Mas não vamos em contos de fadas a realidade já acabou com esses há muito.

As autoridades portuguesas e espanholas têm que ouvir a razão, o ambiente e os que queremos continuar a viver no território que fizemos do matorral, a dehesa e o montado, as vilas nos planos e aldeias serranas.

É necessário que este projecto seja analisado pelos dois países, além do Estudo de Impacte Ambiental, sendo que nesse como é óbvio as autoridades portuguesas também se terão que se pronunciar.  Desde já as autoridades portuguesas deveriam, ora por este meio também informadas, fazer saber ao Governo espanhol que em nenhum caso a Convenção de Albufeira (independente de pensarmos que esta deve ser modificada e aumentar as exigências ambientais e compaginar-se com a  Directiva Europeia da Água), repetimos: em nenhum caso a Convenção e o direito internacional podem ser infringidos.

Vamos manter Alcalaboza Viva, tal é cumprir o direito e a vida que também é por ele moldada.

António Eloy, escritor, coordenador do Observatório Ibérico de Energia
Felix  Talego, Prof. Universidade de Sevilha
Juan Diego Pérez, Prof. Universidade de Huelva
Pedro Soares,
Geógrafo, Prof. Universitário, ex-presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente"
montado da zona de Alcalaboza, Cortegana
(Foto: Cortegana)


sexta-feira, 9 de setembro de 2022

quarta-feira, 20 de julho de 2022

População de Aroche/Cortegana e vale do Chanza contestam projeto mineiro de Valdegrama

Pelo Observatório Ibérico de Energia, que o António Eloy vem dinamizando há anos, ficamos a saber que há mais um "fantasma que ensombra as nossas terras, a dehesa (o montado), o matorral, as ribeiras vivas e os rios, também nossos,...". Falamos do projeto mineiro de Valdegrama, que a Junta de Andaluzia pretende concessionar à emrpesa Geoland Services, SI, que as populações da Rivera de la Alcalaboza, que abrange Aroche, Cortegana e Almonaster, entre outras, contestam, porque ameaça  zona do sistema de rega do Chanza-Piedras.

De acordo com o Diário de Huelva, que faz eco das reclamações das populações afetadas, renunidas numa Plataforma de Ciudadanos, "el proyecto minero de Valdegrama que busca grafito, mineral esencial para la industria bélica y un sinfín de aplicaciones industriales, pone en alerta a ganaderos, propietarios y regantes, que temen la contaminación de las fuentes del Chanza."
mapa da zona afetada
ato de fundação da Plataforma Alcalaboza Viva
(Fonte/fotos: Diário de Huelva)