Não posso deixar sem nota duas alterações legislativas de hoje.
1- O direito a uma morte digna, seja o suicídio assistido, seja mesmo a eutanásia foi, finalmente legislado. Os direitos a uma vida justa, e a uma morte com menos sofrimento, que só alienados por visões do outro mundo e beatice religiosa continuam a tentar atropelar, ficou, que alívio, consagrado em lei.
2- Não percebo as inqualificáveis restrições à liberdades públicas e ao direito de exercer o meu usufruto, desde que em espaço aberto e/ou quando não prejudico ninguém, dizem-me por imposição europeia.
Temos que organizar a resistência, temos que reforçar o anti-proibicionismo, a todas as drogas.
Recordem-se do poema de B.Brecht.... eles vieram pelos judeus e não reagimos, depois vieram pelos.....
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Um dos objectivos dos opositores aos direito à morte digna é criar a confusão, mentir deliberadamente e mistificar a lei e o direito.
Aqui um de El Roto que se aplica. direitinho:
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Hoje é dia da que concebeu sem pecado e que um Papa no século XIX (não percebia nada do corpo humano e sobretudo nem tinha a mínima do corpo feminino) proclamou como tendo, também, parido sem romper o hímen. Notável Virgem após 19 séculos de....
Mas lá estarei na procissão juntamente com as minhas 15 formandas que encontraram esse inacreditável, mas é mistério, como é mistério o regresso do sagrado ao Estado de Direito a propósito da eutanásia.
Irei na procissão e "rezarei" pelo direito a uma morte digna, porque o meu corpo, o meu direito, e a não sofrer em nome de não sei quê.
E iniciarei uma leitura inspiradora e apropriada para o dia " Quanto maior a crença, mais ferozmente se despreza quem não a perfilha. E, no entanto, a maior fé seria acreditar no semelhante".
Não há vida sem morte. E para essa não devemos sofrer para qualquer ilusão.
há muitos absolutos. Num livro extraordinário na premonição do dogmatismo e do fanatismo, ligados seja ao nacionalismo, seja a uma qualquer religião ou Deus, igual que um clube de futebol ou até um prato e uma forma de estar. Um notável autor checo, na linha de outros notáveis, Kafka ou Bohumil, mas também de London ou Huxley e o maior de todos Orwell, todos da mesma malga."temos o direito de possuir a nossa morte na consciência concreta da sua iminência e não sómente pelo conhecimento abstracto da mortalidade em geral"
" quando se conclui pela permanência de uma inconsciência profunda o emprego de meios extraordinários para manter a vida não é obrigatório. Estamos autorizados a pará-los para permitir ao doente morrer"
A 1ª é uma afirmação do filósofo. a 2ª é uma decisão papal.
Seria preciso uma lupa para decifrar os termos e os significados.
O Papa, também defende a eutanásia, em certos casos é certo, e ignora totalmente, como é habitual, o direito civil.
Mas o direito sobrepõe-se ao divino.
a eutanásia deve ser regulamentada, o direito de morrer deve fazer parte do juramento de Hipocrates.Labels: direito de morrer, eutanásia, Hans Jonas
A minha experiência com os radicais ensinou-me a inverter, ou escavar o sentido das palavras. O direito à vida do direito, para contrapôr à ditadura que é a proibição do aborto, o direito à vida que é o direito à morte, pois só mentes religiosas e fanáticas é que não percebem que a morte é um momento da vida (sem retorno) e criar as condições para que esta seja digna e de acordo com a vontade, o direito individual é a defesa da vida do direito, dos direitos humanos.
Ver uma "perua" dizer que a eutanásia é contra os direitos humanos é confrangedor, confrangedor pela qualidade do jornalismo que temos, já que fanáticos religiosos sempre os houve, jornalista que não a confronta, antes a vende, como sabonetes, fedorentos.
O direito humano a uma morte digna, à eutanásia em Portugal acabará por ser legislado, como o foi, com enorme, enorme, sucesso o direito ao aborto. E antes cedo que tarde.
Infelizmente tal como em relação ao aborto, em que reconhecidas senhoras que tinham abortado (e até várias vezes, claro indo a Inglaterra) defendiam a continuação da sua ilegalidade, também neste caso pios e pias responsáveis por aumento de doses de morfina em doentes terminais ignoram que isso é, de facto, uma forma de eutanásia, e escupem as suas alarvidades.
Sou, pessoalmente, responsável por pelo menos 2 abortos (que acompanhei) e ajudei a minha mãe a morrer com tranquilidade, recordo de ter andado com a minha tia Maria Filomena, uma senhora muito maior e muito católica, em busca de morfina de farmácia em farmácia....e ela não hesitou.
Só quem não respeita a vida não respeita a morte e no caso temos que uma nuvem de fundamentalismo e trogloditismo religioso (que envolve também os comunistas de pensamento único e também religioso) quer obrigar os vivos a sofrer até morrer, no maior drama. Not in my name. Não em meu nome.
Veremos, veremos.
Labels: direitos humanos, eutanásia, morte digna
Vários parentes e amigos tiveram que desta vida ser libertados. Penso que todos por vontade, O aumento das doses de morfina, inevitáveis, foram erosionando as estruturas cardíacas ou todo o organismo entrou em falência. Não faz qualquer sentido a hipocrisia de alguns, em nome de uma suposta superioridade moral, em nome de absurdos princípios religiosos que não fazem parte de nenhuma exegese doutrinária, em nome da suposta necessidade de sofrer até morrer, e não é sequer razoável criminalizar e impedir, a morte assistida ou a eutanásia.
Estive com uma activista italiana Adele Faccio que me ensinou que o direito mais sagrado é o direito à vida, à verdadeira vida, com dignidade e responsabilidade. O direito ao nosso corpo, o direito a ter direito, a ter o direito sobre a vida deste e claro sobre a morte que é uma parte dessa vida.
É incompreensível que o direito a morrer com dignidade, como e quando, seja protelado por uma decisão beata, e irresponsável do Presidente da República.
Vamos continuar....
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Já aqui contei, quando talvez em 1983 ou 4 no encontro pela Paz de Perugia conheci a Adele Faccio, que já parecia um velha senhora. Era um veterana do movimento pela Paz e também uma activista pela Eutanásia. Foram as minhas primeiras conversas sobre o tema. A questão médica passou ao lado, porque o fundamental é a autonomia, quem, como, porquê decide.
E é isso que os inimigos do Estado de Direito não querem, desde a pior padralhada ao estalinismo mais austero, em Portugal o PCP, Chega e CDS. Gente que não compreende e não respeita o direito individual e que coloca uma ideia mitológica acima da nossa vida. Já assim foi quando da questão do aborto, assim será quando se discutir a legalização da Maria. Nada que tenha a ver com áreas de autonomia individual e retire poderes ao Estado é legítimo para essa gente.
Hoje no Parlamento, com uma ampla, muito ampla maioria foi aprovada, é certo que um projecto lei muito, muito timorato, legalizando a Eutanásia.
É um primeiro passo na defesa de uma morte digna, uma morte santa.
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