MUITO BEM
Esta não é minha, só por questões de estilo:
"A política de ambiente em Portugal, como em muitos outros países, não existe de facto. Ela confunde-se em Portugal com a chamada "transição energética". O governo olha para a aposta nas energias renováveis do mesmo modo que a indústria automóvel, ou a indústria energética em geral, como um alargamento do seu portefólio de negócios, como uma oportunidade para aumentar a margem de lucros.
Ora, isso é uma mistura de erro e ilusão. Erro, primeiro, porque a transição energética é hoje um artigo de fé e não de conhecimento objetivo. A energia de fontes renováveis vai juntar-se aos combustíveis fósseis e não os vai substituir, por isso, a energia final mundial continua a ser em 80% proveniente das fontes fósseis. Erro, também, porque neste momento, como fica provado pela loucura da invasão russa da Ucrânia - agravada pela resposta entontecida e incompetente do Ocidente -, o que está a acontecer não é a redução das emissões de gases de estufa, mas sim o seu incremento exponencial. Estamos a caminhar para um mundo com 4 ºC ou mais. Um mundo que será inabitável em muitos territórios.
Contudo, a ilusão do governo leva-o a querer sacrificar o nosso solo arável, a nossa biodiversidade, a qualidade da nossa água no altar de aeroportos que ficarão vazios, de uma agricultura intensiva desertificadora, de projetos de mineração "verde" para baterias elétricas. Os governos trabalham para um mundo de abundância material que já não existe. A política de ambiente deveria trabalhar para que os portugueses não passem fome, nem tenham de ser refugiados ambientais no seu próprio país.
Viriato Soromenho Marques"