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Carta ao Público

Assunto
Energia
Numero
1 318

Sr. Director do jornal Público

O jornal que V. dirige tem vindo a publicar, pelo menos desde a edição de 17 de Outubro de 2022, quando entrevistou uma pseudo-ecologista finlandesa que defende a energia nuclear, uma série de artigos apologistas desta forma de energia, sem dar lugar ao contraditório, apesar dos alertas que foram manifestados ao Provedor do Leitor.

Na sua edição de 9 de Fevereiro último, o jornal publicou um texto inenarrável de um biólogo dito divulgador de ciência, o qual demonstra nada perceber do assunto – um biólogo pronuncia-se sobre energia nuclear, sem mencionar o efeito das radiações no corpo humano?

E ignora o longo historial de revezes tecnológicos, económicos e financeiros, os numerosos acidentes, desastres e paragens, os graves problemas do chamado ciclo do combustível  (nomeadamente as mortes por cancro em minas – vide caso das minas portuguesas - e instalações de reprocessamento e de enriquecimento), opinando com ligeireza sobre o grave problema ainda não resolvido do armazenamento definitivo do combustível utilizado. Apresenta números falsos de mortos com o acidente de Fukushima e não aborda o número de vítimas no caso de Chernobyl, ainda com uma alargada zona de exclusão da população; e também o caso de Three Mile Island (1979), nos EUA, em que a fusão de parte do núcleo só há pouco foi conhecida, pois este sector também se caracteriza pela sonegação de informação.

Depois, apresenta números que pretendem absolver a energia nuclear civil das suas nefastas consequências, citando argumentos que eram defendidos pelos nuclearistas nos anos 70 do Século XX.

Acusa ainda os ambientalistas de confundirem a energia nuclear civil com a militar, o que é falso na generalidade dos casos, sendo embora o processo tecnológico o mesmo.

Mas, pior ainda, resolve atribuir culpas aos defensores das energias renováveis pelas mortes decorrentes da exploração de carvão. Além de todas as actividades industriais poderem ser acusadas de mortes, os ecologistas e os defensores de energias renováveis sempre condenaram a utilização de carvão nas centrais térmicas. Trata-se de uma ignomínia intolerável.

Nem sequer mencionamos o título que deveria ser ao contrário, “O activismo anti-nuclear salvou milhares de vidas”, sendo que como é óbvio o publicado é do pior populismo e demagogia.

Esta carta, pessoal, é só para o alertar da total falha deontológica do jornal que V.Exa dirige

 

moinho

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