Naomi Klein
+ 1 livro dela, que se deverá ler, e este dar aos miúdos!
em príncipio....
Jazz
Não é um livro mas uma estação que recomendo (novamente?) a todos os apreciadores desta música de luta e resistência, ou só de fabulosas sonoridades, grandes instrumentistas e míticos cantores:
http://radio.garden/listen/antena-2-jazzin/ELGsdHSr
e este sim um livro, que estou a ler com grande apreço, e a história de uma canalhada:
http://signos.blogspot.com/search/label/Livros
há gente sem príncipios por todo o lado.
M.B.S.
Conheci o M.B.S. no ínicio dos anos 80 e temos mantido contacto e uma relação estimosa. Envia-me um artigo sobre o último livro de Attenborough que divulgo com gosto:
Uma lenda da comunicação, um guardião da biodiversidade: David Attenborough
Mário Beja Santos
Desde o início do ano que entro com o pé direito nas leituras e acabo de ler com a maior das comoções o apaixonante e mais recente livro de David Attenborough, Uma Vida no Nosso Planeta, O meu testemunho e a minha visão para o futuro, com Jonnie Hughes, Temas e Debates, Círculo de Leitores, 2020, não sei se há comunicador mais prodigioso do que esta estrela da televisão que já palmilhou o mundo inteiro como mensageiro da nave espacial Terra.
Ele inicia esta viagem no mesmo local onde deixará a derradeira reflexão, Pripyat, na Ucrânia, um lugar de desespero absoluto, tem a ver com Chernobyl, foi concebido como cidade com todos os seus elementos, não faltavam avenidas, hotéis, escolas, restaurantes, cabeleireiros, ginásios, supermercados. Era o lar projetado para quase 50 mil pessoas, a explosão da central nuclear ucraniana deitou por terra esta utopia modernista dos tempos soviéticos. Está tudo a ruir, a apodrecer, não há vivalma, todos partiram com a explosão do reator que expeliu material 400 vezes mais radioativo do que fora expelido pelas bombas de Hiroxima e Nagasáqui, é a imagem ao vivo de uma catástrofe ambiental, uma amostra chocante do declínio em espiral da biodiversidade do nosso planeta. E dá-nos o seu testemunho, é um nonagenário que tem tido uma vida extraordinária, como ele diz teve a experiência do mundo livre em primeira mão, em toda a sua variedade e beleza, pôde assistir a alguns dos seus maiores espetáculos e dramas mais apaixonantes. E faz uma agenda de 1937 aos dias de hoje, fala-nos da população mundial, que tem vindo sempre a crescer, do dióxido de carbono na atmosfera, também em crescendo e das áreas naturais que se têm vindo a reduzir, redige com uma esplendorosa simplicidade, é narrativa que nos prende do princípio ao fim.
Com o seu dom peculiar de comunicação, fala-nos da evolução da Terra, assim chegamos ao Holoceno, uma época com mais ou menos dez mil anos em que a temperatura média global não variava para cima ou para baixo mais de um grau celsius. Uma época sem precedentes, como ele nos lembra: “A florescente biodiversidade do Holoceno ajudou a moderar as temperaturas globais da Terra, e o mundo vivo instalou-se num suave e fiável ritmo anual: as estações. Nas planícies tropicais, estações secas e chuvosas alternavam com uma regularidade perfeita. Na Ásia e na Oceânia, os ventos mudavam de direção na mesma época todos os anos, trazendo a monção. Nas regiões a Norte, as temperaturas subiam acima dos 15 graus celsius em março, trazendo a primavera, e depois mantinham-se altas até outubro, quando desciam e traziam o outono. Fala-nos na sua vida no serviço de televisão da BBC, no seu programa Zoo Quest, na década de 1960, do seu assombro com as caraterísticas do continente africano, depois exerceu funções de direção nessa mesma BBC, houve séries de grande qualidade e popularidade, caso de A Vida na Terra, escreve primorosamente, é uma narrativa sentida de quem procura atrair o leitor para os cuidados do planeta, veja-se como descreve as florestas tropicais:
“São habitats particularmente curiosos, os lugares com maior biodiversidade do mundo. Mais de metade das espécies terrestres do Planeta vive nas suas profundezas verdes. Crescem em regiões tropicais húmidas, onde existe uma abundância dos dois recursos de que quase todas as plantas precisam: água potável e luz do sol. Junto ao Equador, o Sol brilha doze horas por dia com uma constância tal que praticamente não existem estações. As correntes de ar recolhem água de todos os lugares dos trópicos e inundam a floresta com até quatro metros de chuva por ano. E a floresta também faz circular a sua própria água: a humidade exalada por um bilião de folhas que se eleva sob a forma de neblina todas as manhãs, à medida que o Sol aquece até ao máximo, para depois voltar a cair sob a forma de chuva”. Seguiu-se outra série de êxito retumbante, Planeta Azul, nova entusiasmante descrição: “Operadores de câmara especializados em mergulho registaram chocos a fazer a corte nos recifes de coral, lontras-marinhas a mergulhar em busca de marisco nas formações subaquáticas de laminárias, caranguejos-eremitas a lutar por conchas vazias, tubarões-martelo reunidos às centenas para procriar ao largo de um monte submarino no Pacífico e, talvez o mais difícil e notável de tudo, marlins e atuns-rabilhos à procura de presas em oceano aberto”. É estarrecedora a descrição da caçada dos atuns e dos tubarões e golfinhos à volta de uma gigantesca bola, é hoje um mundo em risco, devido aos objetivos das grandes frotas que devastam os oceanos”. E alerta-nos para a situação dos recifes de coral, que rivalizam com as florestas tropicais em termos de biodiversidade, e que dão manifestos sinais dos desequilíbrios do planeta.
E chegamos a 2020, os atentados à biodiversidade atingiram a hostilidade extrema: quase todos os grandes peixes oceânicos desapareceram; os detritos de plástico formam largos mantos, mais de 90% das aves marinhas têm fragmentos de plástico no estômago; cortamos por ano mais de 15 mil milhões de árvores e as florestas tropicais ficaram reduzidas para metade e também só metade do solo fértil da Terra é hoje cultivado; em média, desde a década de 1950, as populações dos animais diminuíram para mais de metade e lança um catálogo de advertências sobre o que nos espera se não se puser travão à dimensão devastadora que se anuncia, faz um repositório das previsões até 2100.
É de grande beleza a sua visão para o futuro, faz um programa de sustentabilidade onde tem lugar primordial a energia verde, dá-nos um belo texto sobre o modo de recuperar a natureza nas marés, e é irresistível não o reproduzir:
“Os oceanos cobrem dois terços da superfície do Planeta. Graças à sua grande profundidade, contêm uma proporção ainda maior de espaço habitável. Assim, o oceano tem um papel especial na nossa revolução de se recuperar o mundo selvagem. Ao ajudar o mundo marinho a recuperar, podemos fazer três coisas que precisamos desesperadamente de realizar em simultâneo: capturar dióxido de carbono, aumentar a biodiversidade e reforçar a nossa oferta alimentar. Tudo começa por colaborar com a indústria que está atualmente a causar mais danos nos oceanos: a pesca”. E explica porquê. E alerta-nos para a reconversão da ocupação do espaço: “Atualmente reservamos mais de metade de toda a nossa terra habitável do Planeta só para nós. Para ganharmos os 4 mil milhões adicionais de hectares nos últimos três séculos, derrubámos florestas sazonais, florestas tropicais, bosques e vegetação rasteira, drenámos zonas húmidas e vedámos pradarias. Essa destruição de habitats foi não só a principal causa de perda de biodiversidade, como foi, e continua a ser, uma das principais causas de emissões de gases com efeito de estufa. As plantas terrestres e os solos de todo o mundo juntos contêm duas a três vezes mais dióxido de carbono do que a atmosfera. Ao derrubar árvores, ao queimar florestas, ao dragar zonas húmidas e ao lavrar pradarias selvagens, libertámos dois terços desse histórico dióxido de carbono armazenado até à data. Eliminar a natureza custou-nos caro”. Nesse processo de inversão haverá que rever as cadeias alimentares e o nosso modo alimentar. Attenborough espraia-se sobre como recuperar a natureza nas terras, como planear para o pico humano e mostra-se confiante: “Se trabalharmos arduamente para melhorar o máximo possível de vidas, os modelos mais otimistas sugerem que a população humana poderá regressar ao nível de hoje em finais do presente século. Depois disso, talvez a nossa população continue a diminuir a um ritmo suave, com a sociedade global a exigir menos do nosso mundo e a ajudar a satisfazer as suas necessidades com soluções tecnológicas, como quase sempre fez”. Faz a apologia que devemos fazer um esforço para conseguir vidas mais equilibradas e despede-se do leitor com uma enorme confiança no futuro, porque ainda vamos a tempo de corrigir erros e de mudar a direção do nosso desenvolvimento.
Leitura imperdível, para não dizer obrigatória.
Madeira, destruição
"SENHORA SECRETÁRIA DO AMBIENTE, POR FAVOR FIQUE CALADA
Na edição de ontem (15.02.2021) do Telejornal da RTP Madeira, a Senhora Secretária Regional do Ambiente e Alterações Climáticas fez declarações que me fez sentir vergonha alheia (https://www.rtp.pt/.../p85/e524828/telejornal-madeira/905028).
A Senhora Secretária vai recuar, à semelhança do que aconteceu ao seu antecessor aquando da luta contra a construção do teleférico no Rabaçal.
Nesse projetado atentado contra a Laurissilva, como neste, nunca tive dúvidas que a Direção Regional do Ambiente não tem autoridade científica e independência política para emitir uma Declaração Negativa sobre a Avaliação de Impacte Ambiental.
A construção do teleférico do Rabaçal foi abortada, porque a UNESCO nunca emitiu o parecer positivo pelo qual o GR ansiou durante meses e o Tribunal Administrativo não lhes deu razão.
Nessa luta estiveram apenas duas associações, QUERCUS e Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal.
Agora são 9 Organizações Não Governamentais de Ambiente, que terão de lutar unidas em três frentes: Tribunal Administrativo, UNESCO e União Europeia.
Sim na UE, porque os milhões de euros para a tal estrada no seio da Laurissilva deverão sair do PODERAM, que está vocacionado para construir caminhos rurais e não estradas em Sítios da Rede Natura 2000, como são os casos da Laurissilva e do Urzal de Altitude.
Por isso a entidade promotora da obra contestada pelas 9 ONGA é a Secretaria Regional da Agricultura e não a Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas.
A Senhora Secretária se não tem autoridade científica e moral para impedir os desígnios do seu colega de governo, pelo menos fique calada."
Conheci o Raimundo quando em 1982/3 fiz uma conferência para 150 no Funchal sobre alterações climáticas, ele deu uma participação de excelência, O texto acima é dele, leva a minha assinatura, herdeiro de cultivadores madeirenses
sobre a vida
o nosso colaborador e amigo Chema é um pensador e um activista:
com Nero Wolfe
e também o Comandante Cousteau gosto muito de orquideas!
https://www.lpn.pt/pt/noticias/livro-orquideas-silvestres-da-arrabida
Boa!
As revoltas....
Hoje, enquanto tomava chá e entre duas caminhadas, acabei este livro, que muito recomendo:
https://www.seuil.com/ouvrage/les-revoltes-du-ciel-jean-baptiste-fressoz/9782021058147
embora seja muito, et pour cause, centrado em França dá-nos uma visão global das alterações climáticas ao longo da história, ou como os cientistas e políticos as analisaram.
A articulação da ciência com a política e a finança é um elemento chave para as políticas florestais que estão no centro do pensamento "climático" a partir do século XV.
As Revolução Francesa e os tempos que lhe sucedem até bem dentro do século XIX são escalpelizados.E a história actual....
E saber que no inicio do século XIX o governo francês lançava um inquérito sobre a nossa responsabilidade nas alterações climáticas e que em 1956 as indústria petroliferas já tinham relatórios sobre a relação do CO2 e as alterações climáticas não são pormenores.....
Chorei
como há muito, muito não chorava de prazer, e também de dor.
https://www.nytimes.com/2021/01/19/books/amanda-gorman-inauguration-hill-we-climb.html
lindo, lindo, linda.
Um poema de invulgar força, volto a chorar, lido, dito com entusiasmante poder.
Nada mais, seco as lágrimas.
Jazz
é uma música de, da liberdade. Fiz um trabalho sobre a história desse, a origem do nome segundo alguns é sex, o que também é liberdade.
Agora que vamos ficar, outra vez presos, aqui:
http://radio.garden/listen/antena-2-jazzin/ELGsdHSr
hoje fui à magnífica Livraria das Viagens aumentar a pilha de tempo para leituras.
Contarei.
Survivre et vivre
Conheci bem e tivemos em muitas reuniões, partilhámos muitas convergências e claro algumas divergências Pierre Samuel, procurem no google, foi um personagem de referência do movimento ecologista!
Foi um dos fundadores https://www.lechappee.org/collections/frankenstein/survivre-et-vivre deste movimento que tem hoje esta notável publicação, livralhão, para passarmos algum tempo durante a ausência desse que se aproxima.
Já estou abastecido de 8 livros de 1ª escolha, todos de uma forma ou outra relacionados com ecologia política, mesmo um opusculo da Simone Weil, que é maior que a curta vida que viveu,. muito maior.
Em Portugal continuamos a ignorar grande parte do melhor pensamento de lá de fora.....