O jornalismo é hoje algo em vias de extinção.
E jornalistas a sério que não sejam copiadores ou opinadores, ou locutores ou comentadores já não há praticamente nenhum. Quase nenhum mesmo. E quando há um ou outro lá está o editor o político (travestido de editor) a orientar a produção final a dar-lhe o titular, a desviar a atenção e rapidamente a subornar o intento jornalístico.
Fiz um mestrado em Comunicação Social e tive como colegas a nata, a nata mesmo do verdadeiro jornalismo. Hoje todos reformados. E tive como professores verdadeiros mestres, com os quais tínhamos discussões épicas. Sei do que falo e penso o que digo e escrevo. O exemplo do ex-jornal Público seria na altura matéria de análise*, mas não escaparia nenhum, o Expresso é desde há muito um mero projecto político, o D.N. nem sei o que é, e outros ou estão em vias de extinção ou sobrevivem articulados com manhas.
Não é que em todos eles não haja profissionais da escrita, alguns até bons amigos que partilham estes pensamentos mas não os podem divulgar. E aqui e ali, embora com o ranço editorial ainda se leem boas reportagens (1), algumas até sem comentadorismo.
E depois por lá andam as tais aventesmas a perorar a favor da dita democracia. Mas democracia é liberdade de expressão (não a temos! como vimos acima), independência do sistema de justiça (deixem-me dar duas ou três gargalhadas, para não ser acusado de difamação), e possibilidade de escolha dos governantes (mas com a oclocracia ** e a ditadura dos partidos tal não existe de facto)
(1) A reportagem do Público sobre o ruído aeroportuário é um exemplo. Nem uma palavra sobre as verdadeiras alternativas, só as editoriais.
* o protagonismo pró-nuclear é um dos muitos exemplos, além da ideologia do pior neo-liberalismo, que denomino teresasousismo, rasca e manipulador. Alienado mesmo, que domina os opinadores desse.
** Tema de próximo e certamente último livro ainda em elaboração e buscando editor!